Iniciando o Ministério #3 - Estrutura Técnica

Dando continuidade aos passos para iniciar um ministério de dança, falaremos da estrutura técnica do grupo. No artigo anterior falamos sobre a visão ministerial, que delineia toda a estrutura espiritual do ministério, e hoje, trabalharemos com a estrutura técnica.
Antes de começarmos, separe um papel e uma caneta para mais algumas anotações. Caso não tenha nenhum lugar apropriado para escrever, você pode usar este modelo de ficha de Estrutura Técnica, criado especialmente para lhe ajudar a anotar as informações e organizar tudo o que você já tem:

CONFIRA A FICHA DE ESTRUTURA TÉCNICA AQUI (1 página)

Agora que você já possui um local para anotar, vamos falar sobre as próximas coisas que precisamos definir para estruturar o Ministério de Dança.

Nome do Ministério

Esta é a parte que deixa muitas pessoas de cabelo em pé: "qual vai ser o nome do ministério?". 

Meu conselho é que você procure um nome que case com a visão ministerial do ministério, um nome que signifique alguma coisa importante para a equipe e para a obra que o Senhor preparou para vocês.
Por exemplo: quando assumi a liderança da minha primeira equipe, ela era composta inteiramente de pré-adolescentes que ainda estavam entrando na fase de assumir responsabilidades. Nesta época, Deus colocou em meu coração o desejo de, através do ministério de dança, aproximá-las do Senhor e fazê-las assumir uma responsabilidade com Ele, e por causa disso, o nome escolhido para o ministério foi "Peniel", que significa "face a face com Deus". Este nome casou com nossa visão ministerial, pois ao mesmo tempo em que buscávamos estar face a face com o Pai, nós também buscávamos colocar as pessoas face a face com Ele, através da nossa dança.
Foque nisso, em escolher algo que tenha relação com a visão ministerial da equipe. Tendo isso em mente você pode:

1. Pegar nomes prontos na internet. Você correrá o risco de ter dezenas de outros ministério com o mesmo nome, mas o importante é que ele tenha relação com a visão ministerial da equipe. Ore para que o Senhor o guie ao nome correto.
2. Usar nomes em outra língua, como o hebraico, contanto que o significado case com a visão ministerial. Pesquise bem, tenha certeza de que o nome escolhido o remete a Cristo, para não gerar confusão ou apontamentos, e não esqueça de orar pedindo a orientação de Deus.
3. Ou criar o próprio nome também. É uma tarefa desafiadora, mas muito produtiva. Criando o próprio nome, tem-se a certeza de que poucos ministérios usarão o mesmo título. Porém, foque na visão ministerial, lembre-se de orar e buscar inspiração em Deus para criar algo que tenha relação com o propósito da equipe.

Liderança

Quem será o líder, você mesmo ou o(a) pastor(a)? Haverá um líder ou mais de um? Anote tudo!
Eu não recomendo colocar mais de uma pessoa para liderar o mesmo ministério, pois cada pessoa tem o seu próprio jeitinho de trabalhar e isso pode gerar choque de autoridade e até mesmo de opiniões. Não é uma coisa impossível, mas é preciso ter muito "jogo de cintura" para dividir a liderança com outra pessoa de forma sadia. Algumas igrejas fazem isso (colocam duas pessoas na liderança do ministério) e se este for o seu caso, procure resolver desde já quem ficará responsável pelo quê, antes das atividades do ministério começarem. Acertem tudo com antecedência, façam devocionais juntos e tornem-se amigos para que possam começar os ensaios em sintonia, a liderança precisa estar unida para que o ministério permaneça unido e saudável.

Coreógrafos

Há alguém em sua igreja que tenha experiência com dança e foi colocado para te ajudar (mas sem assumir papel na liderança)? Alguém de sua equipe demonstra facilidade na criação de coregrafias e você pretende investir nisso? Pode ser que você esteja frente a frente com seu "coreógrafo".
Coreógrafos são pessoas que desenvolvem coreografias, eles não precisam necessariamente fazer parte da liderança no ministério, podem ser membros comuns, mas com boas habilidades de criar. O líder não precisa ser o único responsável por criar as danças, ele pode dividir essa tarefa com outra pessoa, ajudando a equipe a criar coreografias diferenciadas.
Se houver coreógrafos em potencial em sua igreja, anote os seus nomes. Se não houver, não tem problema, fique de olhos abertos durante os ensaios que, com o tempo, você perceberá quais membros tem potencial para a tarefa.

Estilo de Dança

Defina com que estilo de dança a sua equipe irá trabalhar. É importante decidir isso para conseguir exercitar a parte técnica no futuro, mas evite misturar mais de um estilo para que os treinos técnicos não fiquem uma bagunça e os membros não fiquem perdidos.

Se você quiser trabalhar com um estilo, mas não souber nada sobre ele, recomendo que procure uma aula de dança em sua cidade e a faça. É importante que você saiba o que fazer em seus ensaios, não adianta levar o nome de "ballet clássico" se você não souber nada sobre ballet e não estiver interessado em aprender. Busque conhecimento.
Não tem importância não saber dançar, o problema está em não querer aprender. Um líder que não sabe, mas que está interessado em aprender, fará sua equipe crescer; por outro lado, um líder que não sabe e não tem interesse em evoluir, deixará sua equipe parada no tempo e fará mal a ela. Portanto, esteja sempre disposto a aprender!

Segue algumas opções que são comumente utilizadas no Brasil:

• Ballet
• Jazz Dance
• Ballet Moderno
• Dança Contemporânea
• Street Dance

É possível escolher outros estilos além desses, é claro, mas lembre-se de selecionar algo que você domine ou que tenha condições de procurar aulas para se aprimorar.

Se a equipe que você pretende trabalhar for de pessoas adultas muito inexperientes, com pouca mobilidade física ou de idosos, recomendo que escolha um estilo de dança mais favorável para eles: Gestos. Ao contrário do que muitos pensam, a dança gestual é bastante desafiadora de se trabalhar, pois envolve coordenação motora, velocidade de movimento, tempo de reação, giros, troca de posições e trabalho de memória. Se for bem explorada, a dança gestual pode ficar bem atraente e exigirá dedicação e criatividade.

Enfim, analise o estilo de dança que irá trabalhar, busque conhecimento sobre ele e se aprimore sempre.

Faixa Etária

Qual a faixa etária que pretende trabalhar? O ministério terá mais de uma equipe ou todos os membros participarão de uma só turma?

É importante pensar nisso, pois a equipe exigirá métodos de trabalho e de ensinos diferentes, dependendo de sua faixa etária. Por exemplo: se equipe for infantil, você precisará usar um método um pouco mais lúdico e a linguagem de seus ensinos precisa ser compatível com elas, para que possam entender o que está dizendo; se a equipe for de jovens, você poderá ser mais rigoroso em seu método de trabalho e mais maduro na sua forma de ensinar...

As diferentes faixas etárias possuem suas próprias necessidades e exigem diferentes formas de atuação. O mais recomendado é que se estruture o ministério em várias equipes, por exemplo:

• Infantil
• Adolescentes
• Jovens
• Adultos
• Idosos

Nem todo mundo consegue criar várias equipes logo no início. Se este for o seu caso, não fique triste ou ansioso, pra tudo há jeito. Para formar uma equipe única, procure estabelecer um limite de idade que te ajude no processo de ensino ou você poderá ter problemas no futuro. Aqui vai algumas dicas para te ajudar:

1. Adolescentes e jovens conseguem trabalhar bem na mesma equipe.
2. Jovens (acima de 16 anos) e adultos também conseguem atuar juntos.
3. Crianças e pré-adolescentes também formam uma boa combinação.
4. Pré-adolescentes e adolescentes são uma ótima combinação também.
5. Adultos e idosos também formam uma boa solução.
6. Não coloque jovens/adultos na mesma equipe que as crianças, pois a diferença de idade atrapalhará o seu trabalho como líder. Se você diminuir o nível técnico da equipe e suavizar os ensinos para que as crianças possam acompanhar, poderá deixar os jovens/adultos deslocados e eles poderão perder o interesse em participar do ministério por parecer "aula de criança". Por outro lado, se você manter o nível técnico alto e os ensinos mais maduros por causa das pessoas mais velhas, as crianças é que serão repelidas por não conseguirem acompanhar o ritmo da equipe.
7. Não coloque jovens ou qualquer faixa etária abaixo, com os idosos. Se você seguir o ritmo dos idosos, os mais novos podem se sentir entediados, porém, se você tentar fazer algo mais jovial com a equipe, poderá deixar os idosos envergonhados por não conseguirem fazer e as vezes, se sentindo inúteis (lembre-se que os idosos vão perdendo suas capacidades físicas no decorrer dos anos, e alguns deles ficam com a autoestima muito baixa).

Deficientes devem ser encaminhados para as equipes que correspondem as suas idades. Não limite uma pessoa a uma equipe inferior porque ela possui uma deficiência, ela tem tanto potencial quanto os outros, só precisa ser ensinada e incentivada.

Pessoas com deficiências mentais ou com síndrome de down também podem participar de ministérios de dança. Nestes casos, procure conversar com os pais para saber o grau da deficiência e qual a idade mental que a pessoa conseguiu alcançar (alguns permanecem mentalmente como crianças, enquanto outros conseguem amadurecer até a idade de jovens-adultos, podendo até morar sozinhos e trabalhar fora), de acordo com a idade mental você saberá em que faixa etária deverá colocá-lo para conseguir ensiná-lo bem.

Mobilidade Física 

A mobilidade física funciona como parâmetro para dividir equipes, igualzinho a faixa etária. Para equipes de adultos e idosos, recomendo que use este parâmetro para que todas os membros possam se sentir úteis e participantes da obra de Deus.

Normalmente, os mais velhinhos tendem a deixar de participar do ministério de dança por não conseguirem fazer o que os adultos mais novos ou os de meia-idade conseguem fazer. Porém, se for possível organizá-los em equipes de acordo com suas mobilidades físicas, todos eles conseguirão participar da obra de Deus com qualidade, sem se sentirem inferiorizados. Acredite, há muitos idosos ansiosos por participar da obra de Deus de alguma forma, se sua igreja puder lhes dar uma chance, você irá se surpreender com o resultado.

Exemplo de divisão por mobilidade física:

• TURMA 1: adultos/idosos que conseguem fazer giros rápidos, se movimentam de um lado a outro com rapidez e conseguem seguir ritmos rápidos.
• TURMA 2: adultos/idosos que possuem labirintite (que os impede de fazer giros rápidos), mas que ainda consigam se movimentar de um lado a outro com eficiência e conseguem seguir ritmos razoavelmente rápidos.
• TURMA 3: adultos/idosos que possuem labirintite, que se movem de uma lado a outro com eficiência ou devagar, e que só consigam seguir ritmos lentos e moderados.

Os tipos de músicas a serem trabalhadas em cada equipe variam de acordo com a mobilidade física dos participantes, entretanto, é possível envolver a todos num ministério de dança.